sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Assalto

Um destes Sábados atrás, já com o Ângelo no sul, eu e o Juca lá fomos em direcção a Luanda, para sair da rotina nada como um bom jantar num bom restaurante para confortar o estômago e a alma. O destino era o Miami, um espaço muito popular situado na ilha, que para além de restaurante funciona como bar com música ao vivo e até DJ's convidados.
Estacionámos próximo, era cedo não tivemos muita dificuldade, no entanto o Miami estava cheio, não de gente mas de mesas reservadas.
-"Temos apenas uma mesa mas essa os senhores não vão querer"-atirou o empregado, eu e o Juca entreolhamo-nos e perguntámos em uníssono-"Qual é a mesa homem?"-este apontou para uma mesa junto a uma coluna enorme e quase dentro do palco.-"E porque não?Ficamos ali mesmo!"-respondi com a anuência do Juca.
Aquela hora a música era ambiente, não muito alta, a proximidade da coluna não era incomodativo e no palco ainda não se passava nada. Dava até para conversarmos.Na tela gigante passava um jogo do Sporting e como o Juca é da "cor" acompanhei-o no seguimento do desafio.
Pedimos logo 2 caipirinhas, vieram os menus, os preços que já me começo a acostumar, Juca pediu uma massa e eu filetes de garoupa, os pratos não demoraram, bem apresentados, quantidade apenas suficiente, qualidade aceitável, o serviço sem ser bom é eficiente.
Após as caipirinhas, caimos na cerveja, Heineken para o Juca e bela da Super Bock (também muito popular por aqui) para mim. O ambiente do espaço é agradável, gente bonita, portugueses, brasileiros (bastantes em Luanda), angolanos, um pouco de tudo mas fala-se português.No bar já se juntam muitas pessoas, algumas aguardam mesa outras vêm só tomar uma bebida.Por volta das 23h uma moça sobe ao palco e começa a cantar uma música em espanhol, claramente fazendo playback, quando termina o DJ entra em acção chamando ao palco 4 pares de bailarinos que nos brindam com momentos de muito ritmo e sensualidade.Abriu o baile, as pessoas começam a levantar das mesas e a ocupar o salão para um pezinho de dança. É quase meia noite, o ambiente está agradável mas tinha combinado por volta desta hora com o "Castro" (nome fictício), amigo de longa data, dos tempos de escola que está por Luanda já fazem 4 anos ( não o vejo há pelo menos 6).
O ponto de encontro era o "Palos" bar junto da marginal que fica próximo da casa de Castro e para nós fica em caminho.
Estacionámos a L200 a cerca de 50 metros da porta, a zona não é muito glamorosa mas há polícia na rua como de costume, tudo tranquilo, os miúdos a pedir gasosa, a promessa de dar na volta.
Entrámos no bar quase vazio, era cedo. 2000 kuanzas para entrar com direito a umas boas cervejas.Castro ainda não tinha chegado.Não pudemos deixar de reparar na quantidade de chineses que estava no bar, muitos mesmo é uma comunidade grande em Luanda como em qualquer parte do mundo.A minha surpresa foi para o facto de sociabilizarem para além das salas de jogo (!).
Castro chegou pouco tempo depois com um amigo, está igual, talvez um pouco mais gordo (também eu).-"Foram as férias em Portugal!"-diz ele.
Pusemos a conversa em dia, bebemos umas cervejas, dançámos.Não posso deixar de fazer referência ao ecletismo evidenciado na música, o DJ quis claramente agradar a todos e conseguiu seguramente pois alternou o bom rock anos 90 com música latina, brasileira, romântica até funk se ouviu.
Não queríamos chegar muito tarde, um abraço ao Castro e avançámos para a porta da saída que estava cheia de gente a pedir como de costume. Evitámos um, dois, três e fomos-nos dirigindo para o carro com passo acelerado, notámos que vínhamos sendo seguidos por alguns dos rapazes que evitámos.De repente aproximam-se mais e interpelam-nos á entrada para o carro, são dois de cada lado puxam-nos as bolsas que usamos a tiracolo, resistimos ambos, aumenta a violência e agarram-nos, ameaçam que nos matam, caímos em nós e paramos com a resistência. Já está, assalto consumado, a rua tem muita gente, polícia até mas ninguém nos acudiu, aliás ninguém viu. E os malandros lá correram para se porem a milhas.
Foram-se os dedos ficaram os anéis, recuperámos a bolsa do Juca que tinha documentos, um cartão de débito, a minha não apareceu. Fomos ambos "aliviados" dos telemóveis, relógios (o meu IWC) e algum dinheiro, no caso do Juca não muito, no meu um pouco mais, 50 dólares e uns 6000 kuanzas (total cerca de €100).
Não foi um experiência agradável mas já aprendi a ter mais cuidado, podia ter acontecido em qualquer rua de Lisboa mas aqui a probabilidade é maior.Fica o aviso.
Vendo a coisa pelo lado caricato, vir a Luanda e não ser assaltado é quase como ir a Roma e não ver o papa eheheh!!

Abraços

4 comentários:

Anónimo disse...

Cuida-te, português!

Anónimo disse...

Um abraço de um blogueiro amigo de Angola, "na tuga"!...

tresgate disse...

Fogo puto... não sei porquê, mas não me cheira a que Angola seja ... fácil ( para ser simpático )!
Estive em São Tomé ( como sabes ) e nunca me senti inseguro, pelo que leio do que escreves ( e bem ) não estou a ver Angola com agrado!
Enfim... tal como dizes... podia ter sido perfeitamente em Lisboa!

Unknown disse...

Cuidado Dr. Engº, Angola não é Cascais, se fosses Carioca ficavas mais ligado, não dê mole Tuga...