sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Professor Pardal (não resisti)







Há religiões que começam com muito menos. Esta começou com um projecto. Carlos Queiroz trouxe A Luz da modernidade ao futebol português em forma de dossier pois ainda não havia power point quando o milagre aconteceu.Sem passado como praticante, chegou ao futebol dito profissional pela mão de Mário Wilson e depois foi chamado para algum protagonismo por José Augusto. Teve, por isso, dois grandes padrinhos. Outros se terão seguido.O segundo milagre aconteceu em Riade, na Arábia Saudita, onde fica Meca.
O profeta anunciava uma revolução no futebol português com a conquista do Mundial de sub-20. Dois anos depois, em Lisboa, repetiu o feito. Não se sabe muito bem como, não trocaram a estátua do marquês de Pombal pela sua figura. Convenhamos: seria uma espécie de heresia pois um foi mestre da construção, o homem é catedrático da desconstrução.Carlos Queiroz tem um jeito sedutor. É uma técnica muito próxima da usada pelos vendedores do "Círculo de Leitores", com uma pitada de filosofia tupperware.
Também é verdade que muitas vezes é pouca a diferença entre um livro e uma torradeira, com o pormenor lamentável de o primeiro não aquecer o pão.
Carlos Queiroz também tem muitos amigos. Indefectíveis. Hiperbólicos nas horas boas, mudos nas más.Quando se fizer a história do futebol português, lá mais para diante, quando a Sibéria promover férias na praia e Bora-Bora férias na neve, íremos falar todos da "Fase Queirosiana". Tal como na literatura portuguesa do final do século XIX, também o actual seleccionador se assume como a maior figura da sua área, uma espécie de Alípio Severo Abranhos, popularizado por Eça como Conde d'Abranhos.
Ok, eu sei. Este Queiroz correu o mundo. Esteve no Japão a treinar e escapou a um terramoto. Esteve na África do Sul a seleccionar e tornou-se bastante popular nas mercearias e mini-mercados de Joanesburgo.
Passou pelos Estados Unidos com um projecto e saiu de lá como um projéctil disparado em Cabo Canaveral. Dispenso apêndices curriculares e passo de imediato para a sua experiência à frente de um super Sporting, onde conseguiu ser mais instável e beligerante que Santana Lopes. Ah, claro, num intervalo do seu ciclo de Manchester passou pelas Portas do Sol, em Madrid, e saiu pela sombra, depois de bater um recorde negativo de 5 derrotas consecutivas dos merengues.
Ferguson acolheu-o com ternura e rapidamente a Manchester começaram a chegar os propagandistas do costume para vender a ideia de que em Manchester o treinador era ele. Ele, Queiroz. O outro apenas criava cavalos de corrida.Aqui chegados, vamos com Queiroz na selecção de desastre em desastre até à vitória final. Ou seja, até ao dia em que a selecção nacional voltará a ter um treinador de futebol.

Autor: EUGÉNIO QUEIRÓS

4 comentários:

Menina de Angola disse...

de futebol não entendo nada, a não ser que meu time São Paulo caminha mais uma vez para o Hexa campeonato brasieiro e quem sabe para o Penta da libertadores. Que o Brasil ainda não vai ser Hexa na Africa do Sul não tenho dúvidas.., mas vim aqui para agradecer o comentário lá me casa... Angola é linda demais! Vamos trocar informações e conhecer mais esse país lindíssimo.

bj

Anónimo disse...

Gostei muito pouco da comparação entre livros e torradeiras com desprimor para os primeiros! Se os livros não aquecem o pão, as torradeiras apenas aquecem o pão, sem nos enriquecer intelectualmente.

Bj.

Xana

Henrique disse...

"Menina de Angola", este não é e não será nunca um blog sobre o tema futebol. Não deixarei de fazer algum curtos comentários sobre o tema, no entanto faço-o dentro do contexto que teria por exemplo numa conversa de café entre amigos.Não porque tenha qualquer aspiração a comentador desportivo mas porque a ideia deste blog nasceu precisamente numa dessas conversas de amigos e com estas pequenas abordagens desejo apenas colmatar a distância física agora presente.
Ainda quanto ao tema futebol lamento não poder desejar-lhe boa sorte para o seu S. Paulo enquanto for matemáticamente possível o meu...Grêmio aspirar a esse mesmo título do "brasileirão".
Quanto a Angola, esse sim o prato forte de nossos blogs, vamos sim desbravar caminho, conhecer e dar a conhecer este país maravilhoso.

Um bem haja

Henrique disse...

Olá Xana!
Não sou autor deste texto, embora o tenha postado por subscrever o seu conteúdo, no entanto nota que na comparação entre livros e torradeiras surge um subtil "por vezes" que não sugere uma interpretação tão "á letra"!!!!!!!!

Obrigado pelo comentário, uma grande beijoca